sexta-feira, 1 de outubro de 2010

marreta e diapasão

Quatro meses depois, eu relutando em não apagar isso aqui.

Só abri essa página e vi as coisas que ilustravam a barra ao lado e como algumas coisas deixam de fazer sentido em tão pouco tempo.
Ao falar de mim, dizia ser curtos trechos de Clarice e Caio F.
Peraí, uma das coisas que mais acho idiota de todos os tempos é ficar parafraseando Clarice - principalmente Clarice! - ao se definir. "E daí? Eu adoro voar!"

Próximo. O Caio é outra vítima. Ao contrário de Clarice Lispector, ele continua sendo um dos meus prediletos. Mas é um caso ainda mais peculiar, porque as pessoas não o conhecem, só alguns excertos fofinhos (raros, da parte dele) que acharam no Pensador.
O ápice mesmo é quando falam que "definir-se é limitar-se" usando o Oscar Wilde. Porra, então não escreve nada, deixa em branco!

Agora só tem uma foto, a do Lester Bangs - que odiaria saber que é meu ídolo. Além de ele ser uma das figuras de maiores influência no meu caráter, por ser o autor do seguinte trecho, de um texto sobre Lou Reed e ídolos de uma forma geral:

"Agora eu devo admitir que estou lisonjeado pelo fato de um dos meus heróis ter se tornado um dos meus fãs (aconteceu com alguns deles, de fato; de fato, isso geralmente coincide com minhas conclusões de que tal herói é pura merda) (e por favor não ache que é orgulho desmedido da minha parte; surpreendo-me com minha capacidade de dar conta dessa bosta), mas devo desconsiderar toda essa baboseira de “amor e ódio”, é puro hype. Os marqueteiros inventaram a coisa toda. O fato é que Lou, como todos os heróis, está aí para tomar porrada. Eles não seriam heróis se fossem infalíveis, na verdade não seriam heróis se não fossem uns miseráveis cães sarnentos, os párias da terra, e mais, a única razão para se construir um ídolo é jogá-lo por terra novamente, como qualquer outra coisa. Heróis são uma puta coisa estúpida de se ter em primeiro lugar e um bloqueio geral a tudo que você queira conquistar por conta própria. E também parte de toda a excitação de se admirar alguém pelos seus feitos artísticos é o ressentimento por saber que eles nunca estão à altura das nossas expectativas. Além do quê, todos eles adoram a ofensa, são piores que os acadêmicos, então a única coisa a fazer é ir até o extremo niilista e detonar sem dó todos aqueles que você algum dia respeitou. Fodam-se!
(...)
Uma velha canção ricocheteava na minha cabeça, uma vaga memória de um tempo em 1968 quando contei ao meu sobrinho sobre um garoto que estava me idolatrando porque eu o havia introduzido aos álbuns Velvet Underground, às anfetas etc. “Eu não quero ser herói de ninguém, porra”, rosnei na época.
Meu sobrinho bolou uma canção de duas linhas na hora:

Don’t wanna be a hero
Just wanna be a zero
"

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