quarta-feira, 19 de outubro de 2011

microcontos #1

(ou blues pós-moderno)

Foi embora; deixou algumas roupas sujas e levou o videogame.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

uma mulher de sorte

uma reação que eu sempre tenho, que sempre me faz lembrar dessa cena.
não sei se ela é negligenciada, mas é a que mais me marcou em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
Aquele surpiro com ares de “de novo essa porra” da esposa do dr. Mierzwiak quando flagra ele e a assistente. No meio da madrugada. Morrendo de sono. De pijama.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por que eu escuto samba?

Lembro do marco inicial: começou bem discreto, com Édipo, O Homem Que Virou Veículo, do Mundo Livre S/A. Depois todas essas outras bandas que fazem misturebas maravilhosas do samba com o rock.
Numa dessas conversas de boteco, me cantam O Mundo é Um Moinho.
Nunca mais voltei.

Ontem, 2 de dezembro, acordei com uma música do Cartola e uma questão na cabeça: por que, afinal, eu gosto de samba? Era o Dia do Samba, coisa que soube horas depois, porque um amigo me disse.

Depois de tanto tempo fazendo-o uma das minhas grandes vítimas de preconceitos musicais do auge da minha roqueirisse doentia de 13 anos - ora, o samba, esse ritmo brasileiro de gente feliz e de gingado - comecei a perceber: ele é tão diferente assim do rock? Não que eu seja grande conhecedora desses ritmos, mas a essência de Like a Rolling Stone e O Mundo É Um Moinho me parece a mesma.

São várias as teorias da origem do termo Samba. Mas a que eu mais gostei foi a que dizia que, segundo uma língua africana, "Sam" quer dizer "Dar", e "Ba", "Receber". Claro que pode ser mais uma dessas teorias wikipédicas, mas muito me fez sentido. Quando eu penso em um samba, a primeira coisa que me vem à cabeça são muitas pessoas se divertindo, todas no mesmo patamar. Pra mim, a partir do momento que isso não existe mais, o samba não é mais verdadeiro. O sistema de estrelato é uma coisa que eu não consigo acreditar nesse meio.

O rock é feito de gente doida. O samba não?
A guitarra e o cavaquinho remetem tanto à tristeza quanto à alegria, tanto à solidão quanto à Boemia, estão sempre em busca de alguma coisa, mudando ou se incorporando a outras formas de expressões musicais, mas sempre deixam as suas devidas marcas, que são bastante fortes.

domingo, 28 de novembro de 2010

Artista Igual A Pedreiro

Então é isso. Ultimamente tenho ouvido bastante essa banda, tava conversando com um amigo meu de Goiânia, que em poucas horas estava indo ao Goiania Noise. Disse que tinha show do Macaco Bong aquele dia. Fiquei com dorzinha de cotovelo e fiquei o resto da noite ouvindo. Deu saudade dos shows que vi deles. Eu lembro exatamente como o baixista parecia estar em transe de tanto que sentir a música que estava tocando. Meio que virou referência de show pra mim, sabe?
Macaco Bong: uma das bandas que me faz não renegar completamente o Mato Grosso.

E é por meio desta que, utilizando meu trabalho de Comunicação e Música, revitalizo meu blog.



Fazendo jus à origem cuiabana, Macaco Bong faz um som incendiário e é uma das mais poderosas bandas do Centro-Oeste. O power trio é composto por Bruno Kayapy na guitarra, Ynaiã na bateria e Ney Hugo no baixo, e o som, segundo os próprios, é uma desconstrução dos arranjos da música popular em sua forma padrão – o que é facilmente notado, devido à difícil digestão do disco – e preferem aliar-se à linguagem das harmonias tradicionais da música brasileira com jazz, fusion, pop, entre outros. São figuras certas pelo circuito de festivais nacionais e agora conquistam cada vez mais platéias internacionais.

O seu álbum Artista Igual A Pedreiro, de selo independente, de 2008, é seu álbum de estréia. Não é um álbum fácil, o trio gosta de fazer jogos com os ritmos que os influenciam: quando se tem a impressão de estar ouvindo uma banda de metal, eles passam a tocar jazz, o clássico rock progressivo, talvez punk. Os traços de jazz aparecem freqüentemente como um artifício de transição: a música ganha um ritmo, dá uma trégua no peso, e novamente retorna à habitual tonelada de riffs.

Capaz de mudar a cena do rock na sua cidade de origem, sua energia inigualável no palco já conquistou um público fiel. Um show dessa banda é uma experiência quase mística: é um dos poucos e raros que conseguem fazer o público sentir a música. Em entrevista, Ney Hugo, ao ser questionado sobre o critério para a escolha dos nomes das músicas, uma vez que elas não têm letras disse: “O texto não é a única maneira de se transmitir sensações ou intenções.”

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

marreta e diapasão

Quatro meses depois, eu relutando em não apagar isso aqui.

Só abri essa página e vi as coisas que ilustravam a barra ao lado e como algumas coisas deixam de fazer sentido em tão pouco tempo.
Ao falar de mim, dizia ser curtos trechos de Clarice e Caio F.
Peraí, uma das coisas que mais acho idiota de todos os tempos é ficar parafraseando Clarice - principalmente Clarice! - ao se definir. "E daí? Eu adoro voar!"

Próximo. O Caio é outra vítima. Ao contrário de Clarice Lispector, ele continua sendo um dos meus prediletos. Mas é um caso ainda mais peculiar, porque as pessoas não o conhecem, só alguns excertos fofinhos (raros, da parte dele) que acharam no Pensador.
O ápice mesmo é quando falam que "definir-se é limitar-se" usando o Oscar Wilde. Porra, então não escreve nada, deixa em branco!

Agora só tem uma foto, a do Lester Bangs - que odiaria saber que é meu ídolo. Além de ele ser uma das figuras de maiores influência no meu caráter, por ser o autor do seguinte trecho, de um texto sobre Lou Reed e ídolos de uma forma geral:

"Agora eu devo admitir que estou lisonjeado pelo fato de um dos meus heróis ter se tornado um dos meus fãs (aconteceu com alguns deles, de fato; de fato, isso geralmente coincide com minhas conclusões de que tal herói é pura merda) (e por favor não ache que é orgulho desmedido da minha parte; surpreendo-me com minha capacidade de dar conta dessa bosta), mas devo desconsiderar toda essa baboseira de “amor e ódio”, é puro hype. Os marqueteiros inventaram a coisa toda. O fato é que Lou, como todos os heróis, está aí para tomar porrada. Eles não seriam heróis se fossem infalíveis, na verdade não seriam heróis se não fossem uns miseráveis cães sarnentos, os párias da terra, e mais, a única razão para se construir um ídolo é jogá-lo por terra novamente, como qualquer outra coisa. Heróis são uma puta coisa estúpida de se ter em primeiro lugar e um bloqueio geral a tudo que você queira conquistar por conta própria. E também parte de toda a excitação de se admirar alguém pelos seus feitos artísticos é o ressentimento por saber que eles nunca estão à altura das nossas expectativas. Além do quê, todos eles adoram a ofensa, são piores que os acadêmicos, então a única coisa a fazer é ir até o extremo niilista e detonar sem dó todos aqueles que você algum dia respeitou. Fodam-se!
(...)
Uma velha canção ricocheteava na minha cabeça, uma vaga memória de um tempo em 1968 quando contei ao meu sobrinho sobre um garoto que estava me idolatrando porque eu o havia introduzido aos álbuns Velvet Underground, às anfetas etc. “Eu não quero ser herói de ninguém, porra”, rosnei na época.
Meu sobrinho bolou uma canção de duas linhas na hora:

Don’t wanna be a hero
Just wanna be a zero
"

sábado, 1 de maio de 2010

Minha mãe é linda.

E obrigada por me lembrar disso.

"...só que temos que de alguma maneira encontrar uma forma de transformar o desagrado, as dificuldades em algo agradável sempre tem algo de bom, e é nisso que devemos canalizar a nossa energia positiva e poderosa. temos que dar um jeito de ser feliz mesmo assim..."

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Change.

Oh, as I fade away, they'll all look at me and say:
"Hey look at him, I'll never live that way
But that's ok, they're just afraid of change"




Contextos diferentes, sempre acabo dissertando sobre essa música.
Não arriscaria dizer que é a predileta, mas com certeza, marca épocas e encerramento de certos períodos. Talvez soe óbvio, afinal, uma música com esse nome só pode ter essa intenção.
Mas como vai além.
É muito difícil descrever a paz ao ouví-la, aliás, Blind Melon e Shannon Hoon em geral me transmitem isso, sempre digo, mas Change - também repito - parece trilha sonora de final de filme, com pessoas sendo felizes e tudo dando certo - daí a sensação de finalização de ciclos.

Vocês sempre recorrem a alguma música em certas situações, tenho certeza disso. Change é a minha música de "pronto, já chega disso. próximo capítulo, por favor?" e sempre parece que vai. Funciona quase como um mantra. São tantas - e ótimas, diga-se de passagem - as canções que abordam essa vontade das pessoas se renovarem (Ch-ch-Changes, just gonna have to be a different man. Time may change me, but I can't trace time), pra mim, particularmente essas são as melhores, porque geralmente são as mais sinceras de inúmeras carreiras, mas parece que é sempre ela que diz o que precisava.

Lembro que a primeira vez que vi o Shannon foi, claro, no clipe do Guns N' Roses: um dos homens mais bonitos que já vi, desbancando Axl, que na época era meu conceito de cara perfeito - nada como os 13 anos. Como fui conhecer Blind Melon eu não me lembro. Mas foi com No Rain, e acabou com minha fase de extrema rebeldia de butique. Minha mãe tem muito a agradecer a eles.

Raramente consigo carregar uma banda por muito tempo, sempre enjôo ou surgem traumas acerca delas. Talvez a maioria delas se preocupe demais com técnicas e virtuosidades e esquecem de colocar alguma alma nas músicas. Diferente de tudo, eles conseguiram superar justamente pela simplicidade e leveza.


A letra é sutil, e bastante direta: "and when your deepest thoughts are broken, keep on dreamin', boy, 'cause when you stop dreamin' it's time to die." Todas são.
Shannon conseguiu deixar a mensagem como poucos.




but I know we can't all stay here forever
so I'm gonna write my words on face of today
...and they'll paint it.